Novo exame nacional do MEC vai avaliar estudantes de 8 anos de idade da rede pública no fim do 3º ano do ensino fundamental
Crianças do 3.º ano do ensino fundamental terão de fazer uma prova
que vai avaliar a alfabetização em todo o País. O Ministério da Educação
(MEC) formalizou ontem a criação da Avaliação Nacional da Alfabetização
(ANA), que deverá conferir, a partir deste ano, a qualidade e a
eficiência do ciclo do 1.º ao 3.º ano do ensino fundamental das escolas
públicas de forma censitária.
"Entendemos ser extremamente importante a avaliação porque vai
permitir ao Brasil avançar na meta de alfabetizar todas as crianças até
os 8 anos de idade. A avaliação será fundamental para que gestores
possam colocar em prática as ações do Pacto Nacional pela Alfabetização
na Idade Certa (Pnaic)", disse, em nota, o presidente do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa.
A prova estava prevista no Pnaic, publicado em julho, que já falava
em uma "avaliação externa universal do nível de alfabetização ao final
do 3.º ano do ensino fundamental".
Segundo o Estado apurou, a avaliação será feita já a partir deste
ano, com estudantes de escolas públicas que estiverem concluindo o 3.º
ano do ensino fundamental. Uma nova portaria, regulamentando a ANA,
deverá ser publicada nas próximas semanas. Ainda não foram divulgadas
previsões de gastos.
A criação de uma prova nacional para medir o grau de alfabetização de
crianças foi antecipada pelo próprio ministro da Educação, Aloizio
Mercadante, em março. Na época, Mercadante comentou que o novo exame
seria uma ampliação da Provinha Brasil, que avalia o estágio de
alfabetização de estudantes do 2.º ano do fundamental. "A Provinha
Brasil é amostral. Nós faremos um exame nacional para ver a qualidade da
alfabetização", disse Mercadante.
Críticas. A criação "desnecessária" de mais uma avaliação é uma das
críticas levantadas pelo professor da Faculdade de Educação da USP
Ocimar Alavarse. "Além da Provinha Brasil, existem também outras provas
no âmbito dos Estados. E as crianças muito pequenas não têm autonomia
para participar de uma avaliação externa."
Já o caráter censitário - mais custoso aos cofres públicos - é visto
com ressalvas pela diretora executiva da ONG Todos pela Educação,
Priscila Cruz. "A avaliação poderia ser amostral. Com a Prova ABC (que
avaliou crianças em 2011 e 2012), comprovamos que é possível monitorar o
nível de alfabetização dos alunos."
O consultor Alexandre Oliveira, sócio-fundador da Meritt Informação
Educacional, ainda alerta para a demora - que pode chegar a dois anos -
no recebimento dos resultados de algumas avaliações externas pelas
escolas. "Em menos de um ano após a prova, já daria para serem
divulgados os primeiros resultados."