No Brasil, para cada 100 vagas oferecidas para a formação de
professores de matemática, somente 14 alunos se formarão. Mesmo assim,
nem sempre em cursos de qualidade ao menos razoável.
Não admira que vagas de licenciatura fiquem ociosas e que não haja
professores de matemática, física e química em nossas escolas públicas. É
só ler os jornais e ouvir os noticiários para que qualquer jovem, que
não seja um grande entusiasta pela educação ou que considere essa
profissão (mesmo com seus problemas) uma forma de ascensão social,
desista de procurar a carreira do magistério: baixos salários,
infraestrutura deficiente, salas de aula mal cuidadas ou bloqueadas por
intermináveis reformas inúteis, greves sucessivas, agressões de alunos
com apoio de seus pais, omissão dos gestores e péssimos salários.
No livro “Professores do Brasil”, de Bernadete Angelina Gatti e Elba
Siqueira de Sá Barreto (UNESCO, 2009), encontra-se a informação de que
menos de 50% dos estudantes de licenciatura desejam se tornar, de fato,
professores. Querem apenas o diploma de educação superior.
Alega-se, com razão, que nosso principal problema na educação é de gestão (uma realidade que gera uma má alocação dos recursos entre outras mazelas) e não de investimento. Mas para conseguir uma recuperação completa do nosso ensino básico, as carreiras docentes e suas respectivas remunerações e incentivos precisarão ser revistas dentro de uma nova política educacional.
Alega-se, com razão, que nosso principal problema na educação é de gestão (uma realidade que gera uma má alocação dos recursos entre outras mazelas) e não de investimento. Mas para conseguir uma recuperação completa do nosso ensino básico, as carreiras docentes e suas respectivas remunerações e incentivos precisarão ser revistas dentro de uma nova política educacional.
Bons exemplos de sucesso com baixo custo são frequentemente citados
para justificar que dinheiro não é o problema, mas eles, além de serem
raras exceções, dificilmente são passíveis de serem universalizados.
Qualidade custa dinheiro, além de exigir uma gestão competente e
planejamento.
Vamos analisar os salários de nossos mestres. Quanto ganha um
professor brasileiro de ensino básico? Cerca de R$ 20 mil por ano (onde
se respeita o piso salarial!), ou US$ 13 mil (se for utilizando a
‘paridade do poder de compra’ (PPP), como faz a OCDE em seus
indicadores). A renda per capita nacional é de US$ 12,5 mil anuais
utilizando-se o mesmo indicador. Portanto, um professor recebe o
equivalente a um PIB per capita. Mas, se comparado com o salário médio
de um profissional de nível superior, nosso professor recebe um 1/3 do
que recebe a média daqueles profissionais (aproximadamente R$ 60 mil por
ano).
Na OCDE, segundo o documento Education at a Glance de 2013,
um professor de ensino básico recebe US$ 30 mil por ano (utilizando-se o
PPP também) de salário inicial, equivalente também a um PIB per capita
(dos países que compõem as estatísticas da OCDE), o que corresponde, no
entanto, a 80% do que ganham em média os profissionais de nível superior
naqueles países.
A carreira do magistério não é competitiva dentre as profissões de
nível superior, o que explica, em parte, os péssimos resultados
internacionais de nossa educação básica e nos altos índices de evasão e
repetência escolares. Por que será que as escolas particulares e os
colégios públicos federais apresentam melhor desempenho nos exames
nacionais? Os professores da rede pública têm problemas porque não são
valorizados ou não são valorizados porque têm problemas? Como quebrar
essa lógica circular?
Melhorar a infraestrutura e, principalmente, a gestão da educação é
vital, mas uma profunda reforma na educação terá que incluir, em algum
momento, o aumento do financiamento e a recuperação salarial da uma nova
geração de professores mais competentes e motivados!
BLOG DO ROBERTO LOBO