terça-feira, 29 de outubro de 2013


Polêmica: Não temos condição de municipalizar escolas do estado até 2014, diz secretário do Recife


 
O secretário de Educação do Recife, Valmar Corrêa, foi categórico nesta terça-feira (29) ao afirmar que a Prefeitura não tem estrutura de receber as escolas do Estado até 2014, como planeja o governador Eduardo Campos (PSB). Ocorre que, por lei, o ensino fundamental pode ficar a cargo do município ou do estado e o socialista quer repassar, até 2014, para a responsabilidade do Recife a manutenção das escolas que, hoje, são estaduais.

"Não temos condição de municipalizar nenhuma escola do estado em 2014, já conversei com Ricardo (Dantas, secretário estadual de Educação)", avisou, em participação no Cidade Viva, programa do portal NE10 e da TV Jornal em parceria com os demais veículos do Sistema Jornal do Commercio. A intenção do governo Eduardo Campos é de que, até 2014, 45% das escolas de ensino fundamental sejam municipalizadas e que, em 2017, apenas 20% delas fiquem sobre a administração estadual.

INVESTIMENTO - De acordo com Valmar, a Prefeitura vai fechar o ano tendo investido mais de 25% (o mínimo obrigatório por lei) do orçamento de Prefeitura em educação, o que corresponde a cerca de R$ 500 milhões. Segundo ele, no ano passado, o último da gestão João da Costa (PT), Recife ficou abaixo do que manda a legislação, tendo investido 22%.

Baixa qualidade da educação básica prejudica capacitação de profissionais

Além de dificuldade para preencher postos de trabalho por falta de mão de obra qualificada, as empresas encontram empecilhos para capacitar os profissionais, devido à baixa qualidade da educação básica. É o que revela pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 1.761 empresas. A má-formação prejudica o setor, na avaliação de 41% das empresas.
"Se você pega um trabalhador que tem uma base ruim em matemática, português ou não terminou o ensino médio, isso afeta a capacidade de aprendizado", disse o gerente executivo da pesquisa, Renato da Fonseca, responsável pela Sondagem Especial – Falta de Trabalhador Qualificado na Indústria, divulgada hoje (28) pela CNI.
Para ele, o Brasil precisa rever seu modelo educacional e preparar o estudante para o mercado de trabalho. Segundo Fonseca, o ensino "universal", que privilegia o conhecimento fragmentado em várias áreas, não colabora com a preparação para o mercado de trabalho.
"É preciso investimento na qualidade [da educação], mas também na capacitação profissional. O Brasil tem capacitação muito baixa em comparação com outros países. Temos que pensar em uma mudança no sistema educacional, para focar em alguns aspectos da educação para o mundo do trabalho", frisou Fonseca.
Para o diretor de Educação e Tecnologia da CNI, Rafael Luccchesi, é preciso "repensar" a escola para que "dialogue melhor" com o mundo de trabalho. "Para o desenvolvimento econômico e sustentável, a sociedade precisa discutir a escola para que ela dialogue com a juventude. Precisamos de mais educação profissional. Precisamos fazer mais, com mais intensidade", pontuou.
Segundo ele, menos de 7% dos jovens brasileiros fazem educação profissional ao mesmo tempo que a educação regular. Em países desenvolvidos, o percentual é superior a 50%. Para Luccchesi, o Brasil precisa formar mais engenheiros, mas também investir na qualificação técnica.

(Com Agência Brasil)

Professores e escolas que não ensinam

Aqui no Brasil os alunos não são ensinados, são adestrados! E isto vem se arrastando há décadas, desde que as instituições de ensino passaram a se preocupar em preparar seus alunos apenas para o vestibular e o ENEM e não para vida, como deveria ser.
Há muito que virou certeza no imaginário do brasileiro que só cursando faculdade é possível ter-se uma melhor qualidade de vida e sucesso profissional. Dessa forma, ingressar numa faculdade, de preferência pública, acabou virando o objetivo de quase todos os alunos que almejam alcançar algo em sua existência.
Assim, deixou-se de investir na capacidade de raciocinar dos alunos ou desenvolver-lhes suas devidas aptidões, para um verdadeiro fast-food educacional, visando meramente resolver questões de provas. O aprender a pensar tornou-se um objetivo menor.
Acusa-se os governos militares pela destruição do ensino público de qualidade, mas há quase três décadas eles não estão mais no poder e nada melhorou, muito pelo contrário. A mediocridade do ensino, seja público ou privado, aumenta a cada ano, com as bênçãos dos atuais governos civis, em sua essência corruptos, financeira e ideologicamente.
Sei que muitos professores lutam para que isto mude, mas o sistema que lhes é imposto não permite. Dessa forma, eles “ensinam” sabendo que não estão ensinando, e os alunos “aprendem” acreditando que estão aprendendo. O que nós temos são salas de aula vazias de ensino e aprendizagem de qualidade. É um processo nefasto, que impede que nossos jovens tenham uma plena percepção do mundo e não os deixe preparados para a vida futura. Estamos formando pessoas vazias de saberes, que sabem apenas o essencial para cumprirem medíocres atividades laborais, sem ter a ciência do porquê de suas atividades. É como jogar uma bolinha para um cão pegar: ele pega e traz para dono, mas não sai disso. Repete a mesma atividade, que se torna mecânica, mas que não o faz deixar de ser o que é.
Lamento muito que muitos professores estejam acomodados neste formato que aí está. Não é raro aquele professor que, antecedendo uma prova, ministra aos alunos um questionário de vinte perguntas, das quais cinco ou dez cairão na prova.
Logicamente que nem toda instituição de ensino no Brasil é assim. Em algumas raríssimas exceções, os professores podem de fato ensinar e os alunos aprender, verdadeiramente, a pensar. Quando será que no Brasil teremos estas ótimas escolas para todos os nossos alunos? Quando?

*Wilson de Oliveira é mineiro de Cataguases e divide sua vida entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.