Aqui no Brasil os alunos não são ensinados, são adestrados! E isto
vem se arrastando há décadas, desde que as instituições de ensino
passaram a se preocupar em preparar seus alunos apenas para o vestibular
e o ENEM e não para vida, como deveria ser.
Há muito que virou certeza no imaginário do brasileiro que só
cursando faculdade é possível ter-se uma melhor qualidade de vida e
sucesso profissional. Dessa forma, ingressar numa faculdade, de
preferência pública, acabou virando o objetivo de quase todos os alunos
que almejam alcançar algo em sua existência.
Assim, deixou-se de investir na capacidade de raciocinar dos alunos
ou desenvolver-lhes suas devidas aptidões, para um verdadeiro fast-food
educacional, visando meramente resolver questões de provas. O aprender a
pensar tornou-se um objetivo menor.
Acusa-se os governos militares pela destruição do ensino público de
qualidade, mas há quase três décadas eles não estão mais no poder e nada
melhorou, muito pelo contrário. A mediocridade do ensino, seja público
ou privado, aumenta a cada ano, com as bênçãos dos atuais governos
civis, em sua essência corruptos, financeira e ideologicamente.
Sei que muitos professores lutam para que isto mude, mas o sistema
que lhes é imposto não permite. Dessa forma, eles “ensinam” sabendo que
não estão ensinando, e os alunos “aprendem” acreditando que estão
aprendendo. O que nós temos são salas de aula vazias de ensino e
aprendizagem de qualidade. É um processo nefasto, que impede que nossos
jovens tenham uma plena percepção do mundo e não os deixe preparados
para a vida futura. Estamos formando pessoas vazias de saberes, que
sabem apenas o essencial para cumprirem medíocres atividades laborais,
sem ter a ciência do porquê de suas atividades. É como jogar uma bolinha
para um cão pegar: ele pega e traz para dono, mas não sai disso. Repete
a mesma atividade, que se torna mecânica, mas que não o faz deixar de
ser o que é.
Lamento muito que muitos professores estejam acomodados neste formato
que aí está. Não é raro aquele professor que, antecedendo uma prova,
ministra aos alunos um questionário de vinte perguntas, das quais cinco
ou dez cairão na prova.
Logicamente que nem toda instituição de ensino no Brasil é assim. Em
algumas raríssimas exceções, os professores podem de fato ensinar e os
alunos aprender, verdadeiramente, a pensar. Quando será que no Brasil
teremos estas ótimas escolas para todos os nossos alunos? Quando?
*Wilson de Oliveira é mineiro de Cataguases e divide sua vida entre Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário