segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Governo testará novo modelo de internet grátis

Serviço será uma espécie de 0800 da web, conectado a bancos, compras ou atendimento ao consumidor
0800 DA WEB
BRASÍLIA – No próximo mês devem começar a ser feitos os primeiros testes de um modelo de acesso à internet no estilo dos serviços de ligação telefônica para números com prefixo 0800, em que o custo da ligação é pago pelas empresas que prestam o serviço aos consumidores. A ideia é ter um modelo de internet com tarifação invertida, ou seja, pago pelo site que será conectado para serviços como acesso a bancos, compras ou atendimento ao consumidor.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, diz que o conceito não foi importado de outros países e que será um modelo “tupiniquim”. “A ideia é tentar desenvolver uma conexão de internet em que a pessoa entra para fazer uma reclamação, pedir atendimento em call center, compras ou operação em um banco. Isso possibilitaria que o cliente dessa empresa fizesse uma conexão que não seria tarifada para ele, e sim para a empresa que franqueou a ligação”, explica.
A região administrativa do Varjão, no Distrito Federal, com cerca de 9 mil habitantes, foi o local escolhido para a realização dos primeiros testes, que serão operacionalizados pelo Ministério das Comunicações, pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI).
Paulo Bernardo explica que a novidade não vai substituir o serviço telefônico gratuito, mas poderá baratear o custo de atendimento ao consumidor para as empresas. “Se der certo, pode ser uma alternativa, a empresa que tem um call center, onde instala milhares de pessoas para atender, pode colocar um portal para fazer um autoatendimento. Acho que pode funcionar e ser até mais barato”.
O ministro deu como exemplo o caso dos bancos, que poderão franquear o acesso à internet dos correntistas que quiserem fazer transações pela rede. “Os bancos têm muito interesse no uso do home banking, porque economiza e melhora a parte operacional”
A advogada Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) avalia que essa gratuidade é importante para que o consumidor tenha acesso a esses serviços, principalmente porque hoje os brasileiros já pagam tarifas elevadas de telefonia. Ela alerta, no entanto, que o custo de implantação do serviço não pode ser repassado ao consumidor. “Hoje,o consumidor já paga uma das tarifas mais altas entre inúmeros países. É uma questão de acompanhamento efetivo por parte do governo, para que o consumidor não tenha essa gratuidade e acabe pagando tarifas mais caras por conta disso”.

Sabrina Craide (Agência Brasil)

‘Em 2020, o computador terá desaparecido’

Em em seu último dia, a Campus Party recebeu físico americano Michio Kaku, que fez previsões para os próximos 30 anos

SÃO PAULO – Foram muitas previsões. Algumas com jeito de ficção científica, outras já possíveis de serem vislumbradas em um futuro próximo. Um mundo com lentes de contato tradutoras, lojas de órgãos humanos, robôs enfermeiros, computadores descartáveis e vasos sanitários inteligentes que diagnosticam câncer.

‘Em 2020 o computador como o conhecemos terá desaparecido’, disse o físico Michio Kaku em palestra na Campus Party neste sábado. FOTO: DIVULGAÇÃO

O responsável por todas essas previsões foi Michio Kaku, um dos grandes nomes da física teórica atual, que fez palestra neste sábado, 11, último dia da quinta edição da Campus Party Brasil. Professor da Universidade de Nova York, autor de nove livros e um dos autores da Teoria do Campo das Cordas, é chamado de “o físico do impossível” e foi considerado pela New York Magazine uma das cem pessoas mais inteligentes de Nova York.
Em seu último livro, Physics of the Future, lançado ano passado, Kaku faz previsões de como a ciência mudará o o cotidiano das pessoas e o curso da humanidade em 100 anos. No palco principal da Campus Party, ele se restringiu a fazer projeções para os próximos trinta anos.
Segundo ele, nesse período uma nova onda do capitalismo deve surgir e ela será baseada em biotecnologia, nanotecnologia e telecomunicações. E essas áreas determinarão mudanças profundas na economia mundial, na saúde dos seres humanos, no consumo, no mercado de trabalho e, principalmemte, na forma como as pessoas interagem com as máquinas e com a internet.
Se no início do século 19 os cientistas criaram a máquina a vapor e as locomotivas e essas invenções levaram à Revolução Industrial na Inglaterra e a uma época de muita riqueza e prosperidade, explica Kaku, em 1850, a economia mundial colapsou e o mundo entrou em uma época de depressão. Segundo ele, essa foi a primeira onda do capitalismo.
A segunda onda foi marcada pela eletricidade e os automóveis e culminou na Quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929. A terceira atingiu seu ponto mais baixo em 2008 e foi marcada pela alta tecnologia — computadores, internet, inteligência artificial, geolocalização.
O físico então, se propôs a prever o que será a quarta onda do capitalismo. Para ele, em 2020, o computador como o conhecemos hoje terá desaparecido. “No futuro, eles estarão em todos os lugares e em lugar nenhum, como a eletricidade.”
Tanto os computadores como a internet estarão mesclados em todos os tipos de aparelhos, como óculos ou lentes de contatos que identificam as pessoas com quem o usuário conversa e mostram informações biográficas sobre ela ou traduzem o que elas estão dizendo. A ideia é que informações online sejam projetadas no mundo offline e mudem a forma do humano interagir com seu meio.
A casa do futuro, segundo Kaku, papeis de parede inteligente que serão uma tela de 360º, em que será possível acessar todos os tipos de informação sem a necessidade de controles específicos, usando apenas movimentos, a fala e o pensamento.
O computador chegará até ao banheiro, com vasos sanitários equipados com chips que analisam proteínas da urina e alertam caso algo esteja errado, sendo possível inclusive diagnosticar possibidade de câncer por esse método. “A palavra tumor não esitirá mais no nosso vocabulário”, afirma Kaku.
E parece mesmo ser a área da saúde que a maior revolução se derá. Segundo o professor, os chips ficarão cada vez menores, pequenos o suficiente para conter uma câmera e um localizador e caber em uma pílula e para criar aparelhos de ressonância magnética do tamanho de um maço de cigarro. Tudo isso para ajudar no diagnóstico de doenças.
Entre as pesquisas atualmente em curso no campo da medicina que serão comuns nas próximas décadas Kaku cita nano partículas capazes de destruir s células cancerosas uma a uma, CDs que carregam o código de DNA de uma pessoa e que servirão como um manual de instruções de cada corpo, e chips implantados diretamente no cérebro que permitirão que deficientes recuperem capacidades comunicacionais e motoras.
Além disso, Kaku diz que a “loja de órgão humanos” não é uma realidade distante. Se hoje já é possível criar pele, bexiga, ossos e células sanguíneas em laboratório, “no futuro, criaremos qualquer tipo de tecido a partir das células do próprio paciente”, diz o americano.
População. Melhorias na saúde devem causar um movimento já observado claramente no Japão: o envelhecimento da população e a necessidade do desenvolvimento da robótica para lidar com as novas necessidades de cuidados demandadas pelos idosos.
Se, de acordo com Kaku, a robótica ainda produz apenas robôs com o intelecto semelhante ao de uma uma barata, em 30 anos, teremos robôs com a inteligência de mamíferos e capazes de ajudar nos cuidados de humanos.
Com robôs cada vez mais inteligentes, muda também o papel do ser humano na cadeia produtiva. Somem os trabalhos repetitivos e “de mediação” (atendentes, por exemplo) e criam-se trabalhos que demandam criatividade, imaginação, liderança e sensibilidade.
Começa-se assim uma nova fase do capitalismo, o chamado capitalismo intelectual, quando, segundo Kaku, as economias mundiais começarão a ser pautadas pelo índice de desenvolvimento intelectual que a população de cada nação tem a oferecer para o desenvolvimento tecnológico.
Kaku acredita que nos próximos anos veremos o surgimento do que ele chama de “capitalismo perfeito”, a perfeita conjunção entre consumo e informação, quando todo o consumidor saberá quanto custa, como foi produzido e como está sendo taxado o produto que ele decidiu levar para casa.
Se isso parece uma realidade muito distante? Não para Kaku. “As nações sempre tentarão controlar as informações, mas elas estão enfraquecendo ano após ano. Não há mais jeito de controlar a internet e a livre troca de informações”, afirma.

ESTADÃO.COM.BR

Tecnologia sem pedagogia

Primeiro o governo compra os tablets, depois pensa em que e como serão usados

Embora a presidente Dilma Rousseff tenha prometido converter a educação em prioridade de sua gestão, seu governo vem mantendo, neste setor, a tradição iniciada por seu antecessor, de agitar bandeiras muito mais vistosas do que eficazes. A última iniciativa do Ministério da Educação (MEC ) é prova disso. Sem análises técnicas aprofundadas sobre o uso pedagógico de aparelhos eletrônicos em sala de aula, o órgão acaba de abrir uma licitação para adquirir 900 mil tablets, que serão distribuídos na rede pública de ensino básico.
Indagadas a respeito de como o material será utilizado, as autoridades educacionais limitaram-se a afirmar que o método pedagógico será definido depois da chegada das máquinas. Em outras palavras, o MEC pretende gastar mais de R$ 330 milhões num projeto de contornos imprecisos e metas vagas. A ideia é que, depois de aprenderem a manusear os tablets, os professores da rede pública disseminem em sala de aula tudo o que aprenderam em matéria de tecnologias digitais.
Contudo, de que adianta dar material eletrônico de última geração a alunos que mal sabem escrever o nome, não são capazes de escrever uma redação e, em matemática, não conseguem ir muito além das quatro operações aritméticas? Faz sentido gastar com tablets e outros equipamentos de informática quando as instalações físicas de muitas escolas da rede pública se encontram deterioradas por falta de recursos para manutenção? Não seria mais eficiente valorizar o objetivo básico do sistema educacional - que é ensinar a ler, a escrever e a calcular -, do que desperdiçar recursos com modismos pedagógicos? Por que gastar tanto dinheiro em técnica de comunicação se o conteúdo do que é comunicado continua sendo objeto de livros didáticos medíocres, muitos dos quais com erros elementares, falhas conceituais e nítido viés ideológico?
Até mesmo os educadores favoráveis ao uso de tecnologias digitais nas salas de aula da rede pública de ensino básico criticam o açodamento das autoridades educacionais na aquisição dos 900 mil tablets. Eles lembram que, para fundamentar a decisão, o MEC realizou apenas uma audiência pública, em agosto do ano passado. E, mesmo assim, os debates giraram mais em torno de aspectos técnicos - como tamanho de tela - do que de questões educacionais.
O fato é que a compra de 900 mil tablets poderá ter a mesma trajetória do projeto Um aluno por Computador, lançado pelo presidente Lula. Inspirado nas ideias do americano Nicholas Negroponte, que propôs no Fórum Econômico de Davos de 2005 a distribuição de computadores pessoais de baixo custo nos países em desenvolvimento como o primeiro passo para uma revolução educacional, o projeto era oportuno, mas foi implantado com graves falhas de gestão. Relatório feito pela UFRJ, a pedido da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), afirma que o projeto está em situação "caótica". Dos 600 mil computadores que foram oferecidos no ano passado a Estados e municípios, só a metade foi comprada. Uma parte dos computadores adquiridos encontra-se subaproveitada. O índice de laptops quebrados é alto.
Diz ainda o relatório que, como não passaram por programas de capacitação para utilizar tecnologia digital em sala de aula, os professores receberam a inovação como "ameaça". Cerca de 20% dos docentes guardaram o equipamento numa gaveta ou num armário. "O desenho do projeto subestimou as dificuldades de apropriação da tecnologia pelos professores do ensino fundamental e médio em comunidades relativamente carentes, o que levou a um subaproveitamento dos computadores em sala de aula", diz o relatório da SAE, depois de afirmar que o projeto teve "custos elevados" e que seus resultados ficaram "aquém do esperado".
Ninguém põe em dúvida a importância da tecnologia como instrumento de educação. O que se pergunta é se não seria mais urgente cuidar dos gargalos da educação pública, como a melhoria do ensino de disciplinas básicas, nas quais o desempenho da maioria dos estudantes nas avaliações do MEC continua abaixo da crítica.

O Estado de S. Paulo

Portal do Professor: Espaço virtual reúne um grande conteúdo de apoio para aulas

O Portal do Professor do Ministério da Educação não para de inovar e de crescer em volume de conteúdos digitais. Desde 2007, quando entrou no ar, já armazena mais de 16 mil conteúdos digitais, que podem ser utilizados gratuitamente por professores da educação infantil ao ensino superior. Mais de um milhão de visitantes de 190 países acessam mensalmente a página, em busca de recursos multimídia ou de sugestões de aulas sobre diferentes temas, postadas pelos próprios professores.

O Portal do Professor ainda indica endereços virtuais de bibliotecas e museus de todo o mundo, revistas pedagógicas e outras páginas com conteúdo educacional de qualidade. Por exemplo, as aulas do professor norte-americano Salman Khan, que virou sucesso na internet com seu método de ensinar utilizando um quadro negro virtual e uso de recursos multimídia. Além de ter acesso às aulas originais, em inglês, os internautas são redirecionados para aulas de química, física, matemática e biologia, traduzidas para o português pela Fundação Lemann.

O ministro Aloizio Mercadante já anunciou que o Portal do Professor e as aulas de Khan serão inseridas nos tablets a serem entregues a partir do segundo semestre deste ano a professores de ensino médio das escolas públicas. A previsão do ministro é de que até abril todas as aulas já estejam traduzidas para português. “É um professor que desenvolveu formas bastante pedagógicas de exposição”, disse. “São geralmente filmes de 10 minutos e exercícios. Se você não conseguiu fazer, o computador diz que você deve voltar e assistir novamente a aula. É uma aula personalizada, a que o ritmo de cada um pode ir se adequando”, disse Mercadante.

Portanto, os professores do ensino médio do Brasil vão poder ver as aulas do professor Khan, ver os exercícios e utilizar essas informações da forma mais adequada. E é só um exemplo.

Sugestões – Há meses em que o Portal do Professor recebe 1.500 propostas de aulas enviadas por professores. Antes de ser publicada, a experiência passa por um processo de validação. Caso precise de informações adicionais, retorna para o professor com sugestões de endereços e conteúdos digitais que podem enriquecer aquela aula. Atualmente, estão publicadas 12 mil aulas, abordando diferentes temáticas para a educação básica e profissionalizante.

Como as sugestões de aula enviadas pelos professores brasileiros são de livre acesso, outro professor pode reeditá-la, acrescentando ideias e outros recursos. De toda forma, a aula original é mantida no portal. É uma espécie de rede social, em que os professores podem fazer comentários sobre as aulas enviadas.

A aula mais acessada é a da professora Lívia Raposa Bardy, da Universidade Federal de São Carlos, que trata sobre o corpo humano para os anos iniciais do ensino fundamental. Já recebeu mais de 278 mil acessos.

As melhores sugestões de aulas são selecionadas e agrupadas em coleções temáticas, criando sequência didática de determinado tema do currículo. Há, atualmente, 726 coleções, da educação infantil ao ensino médio. Um diferencial do Portal do Professor é que a sugestão de aula é uma ferramenta para que professores de escolas públicas e privadas possam compartilhar suas aulas e suas experiências.

A maioria dos conteúdos digitais refere-se ao currículo da educação básica – são 11.500 no total, incluindo recursos de alta qualidade, como material da coleção da Agência Espacial Brasileira sobre o aquecimento global e pesquisas de universidades do Brasil e de outros países em diferentes áreas do conhecimento.

O espaço virtual foi criado para dar suporte à formação dos professores à sua prática na escola. No portal, os professores não têm apenas vídeos, mas também recursos em PDF, áudio, simuladores de laboratórios virtuais de química e física. Eles ainda alimentam o portal, enviando sugestões de blogs das suas próprias escolas e vídeos educativos postados pelos alunos no portal Youtube. Depois do Brasil, Portugal e Estados Unidos são os países que mais acessam o Portal do Professor.

Mapa da DENGUE e informações adicionais sobre a doença