segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

MEC planeja ferramentas virtuais de treinamento para o Pisa e a Prova Brasil

A plataforma permitirá ao aluno fazer simulados e ter diagnósticos sobre seu desempenho

 O Ministério da Educação (MEC) pretende lançar duas plataformas virtuais interativas para preparar estudantes da rede pública. O objetivo é oferecer treinamentos para o Pisa, avaliação internacional que mede competências em Matemática, Leitura e Ciências entre adolescentes de 15 anos, e a Prova Brasil, exame usado pelo governo federal para avaliar alunos dos 5º e 9º anos do ensino fundamental e da última série do ensino médio. O anúncio foi feito nesta segunda-feira, 9, pelo ministro Aloizio Mercadante, durante evento em São Paulo.

As ferramentas seguirão o modelo do Geekie Games, startup que mistura jogos e conteúdos educativos na preparação de candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A plataforma permite ao aluno fazer simulados e ter diagnósticos sobre seu desempenho em cada uma das áreas de conhecimento cobradas na prova.
Ainda não há, segundo o MEC, previsão de abertura do edital de contratação das ferramentas preparatórias para o Pisa e a Prova Brasil. "Pelo que converso com ministros de outros países, ainda há dificuldades em saber quais são os melhores formatos para licitar projetos tecnológicos", comentou Mercadante.
Para ele, a iniciativa não significa que o governo federal investirá somente na preparação de alunos para exames. "É preciso dialogar com o interesse concreto dos alunos. Eles querem fazer o Enem para entrar em uma universidade pública", justificou. Segundo Mercadante, o treinamento virtual para o Pisa também é importante porque a prova será informatizada em 2015.
Enem 2014. O MEC ainda anunciou o fortalecimento da parceria com o Geekie Games, que já está no banco de propostas inovadoras do Instituto de Pesquisas e Estudos Educacionais, órgão da pasta responsável pelo Enem. Em 2013 cerca de 2 milhões de estudantes da rede pública tiveram a oportunidade de usar a plataforma durante um período de dois meses até a data de realização do exame.
Já em 2014 todos os alunos de escolas públicas terão o direito de acessar a ferramenta e mais secretarias estaduais de Educação poderão entrar no projeto - 11 já aderiram neste ano. O período em que os simulados e planos de estudos do Geekie Games estarão disponíveis também será mais longo: desde as inscrições para o Enem, que costumam ser no fim do primeiro semestre, até a data de realização das provas, geralmente em outubro.
Em outra iniciativa tecnológica do MEC, lembrou Mercadante, cerca de 593 mil tablets foram distribuídos pelo País para uso dos professores do ensino médio da rede pública. Os docentes já podem cobrar os equipamentos nas secretarias de educação, de acordo com o ministro. Do total de aparelhos, aproximadamente 161 mil já foram ativados.

 O Estado de S. Paulo

Prefeito que piorar Ideb pode ser punido

O texto da Lei de Responsabilidade Educacional deve ser apresentado quarta-feira na Câmara Federal; investimentos na área também contarão.

 Prefeitos de cidades que registrarem piora nos índices de qualidade da educação podem ficar inelegíveis por cinco anos caso seja aprovada a Lei de Responsabilidade Educacional, cujo texto deve ser apresentado quarta-feira na Câmara Federal. O não cumprimento do gasto mínimo de investimento na área e de critérios sobre infraestrutura também poderão ser enquadrados na legislação.

O debate sobre responsabilidade educacional ganhou força recentemente. Embora haja previsão legal para a oferta de um ensino de qualidade, a inovação que aparece agora é a de determinar quais serão as punições. Segundo especialistas, depois de décadas de esforço voltado para universalização do acesso, é imprescindível criar mecanismos para cobrar qualidade.
No Senado, o texto do Plano Nacional de Educação (PNE), que pode ir a Plenário amanhã, ganhou trecho que fala da responsabilidade de gestores em caso de não cumprimento das metas. "A experiência ensina que, no Brasil, se não há responsabilização, as metas se transformam em farsa", disse o relator do PNE no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR).

Ideb. Já o texto que deve ser apresentado na Câmara na quarta-feira estipula o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) como critério - o que divide opiniões. "Nenhum prefeito poderá permitir o retrocesso até atingir a meta do PNE", diz o relator, deputado Raul Henry (PMDB-PE). "Temos uma péssima realidade da educação, e as vítimas não percebem que são vítimas porque não há pressão pela qualidade."
Quase mil municípios, que representam 17% do total, apresentaram retrocesso no Ideb 2011 no último ciclo do ensino fundamental. O projeto não prevê metas para o ensino médio, uma vez que no nessa fase o índice é por amostra.
O projeto elenca ainda uma série de parâmetros a serem alcançados, que vão da existência de plano de carreira docente e respeito à Lei do Piso até o atendimento de padrões construtivos das escolas. A gestão de recursos também é citada: tanto a complementação de gastos na área pela União como a omissão de prefeituras na adesão de convênios são passíveis de enquadramento na lei. A esses casos, caberia ação civil.
"É fundamental esse próximo passo: definir as consequências quando o direito social não é efetivado", defende a diretora da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz. De acordo com ela, a lei não deve ser uma caça às bruxas e precisa prever excepcionalidades, como as contingências orçamentárias.
Crítica ao projeto, a presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, Cleuza Repulho, diz que é preocupante que a responsabilidade caia sobre os ombros dos prefeitos. "É inválida a ideia de que o desafio na educação não é de recursos, mas apenas de gestão." A consultora em educação Ilona Becskeházy diz que é importante criar responsabilidade, mas discorda do critério do Ideb. "A melhor maneira de responsabilizar é expor os prefeitos que vão mal. Assim se busca a maturidade na sociedade."

 
O Estado de S.Paulo