terça-feira, 1 de março de 2011

Merenda escolar com gosto de queixa

Nordestinos e nortistas avaliam como pouco positiva a merenda das escolas e protestam contra a quantidade.

Brasília - As populações do Norte e Nordeste são as que menos avaliam como boa a qualidade da merenda oferecida nas escolas brasileiras. Enquanto na média nacional 59,5% acham que o nível dos alimentos servidos é bom, nas duas regiões a maior parte considera o serviço como regular: 39,7% no Norte e 47% no Nordeste. Os números foram apresentados ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) a partir de 2.773 entrevistas feitas em novembro. O objetivo foi captar a opinião da população sobre políticas e serviços públicos na área da educação. Menos de 43% acreditam que o impacto de programas de alimentação escolar sobre o desempenho dos alunos é bom ou muito bom e 17% acham que é ruim.

Confira o estudo do Ipea na íntegra

No Sul e no Centro-Oeste, mais de 70% dos entrevistados disseram que a qualidade dos alimentos oferecidos é boa. Sobre a quantidade dos alimentos, mais uma vez a pior avaliação foi feita pelos nortistas e nordestinos: 52,6% e 53,6%, respectivamente, consideraram ´pouca` ou ´muito pouca` a quantidade de comida ofertada.No Sul do país, o percentual é inferior a 15%. Na média nacional, a maioria (67%) avalia como suficiente a quantidade servida nas escolas.

A oferta de merenda nas escolas é responsabilidade dos estados e municípios, com apoio do governo federal. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), do Ministério da Educação, repassa atualmente R$ 0,30 por aluno ao dia para custeio. O restante deve ser complementado pelos governos estaduais e municipais.

O Ipea também aponta o desconhecimento da sociedade em relação aos conselhos escolares, cuja função é acompanhar a gestão administrativa, financeira e pedagógica de uma unidade de ensino. Mais de 70% da população desconhecem a existência dessa instância, que deve ser composta por representantes de pais, estudantes, professores, servidores da escola e membros da comunidade local.

Além de ser maior entre as pessoas com mais de 55 anos, o desconhecimento também cresce entre a parcela da população de menor escolaridade. Entre os que frequentaram a escola apenas atéa 4ª série do ensino fundamental, o percentual sobe para 82% dos entrevistados. Para os que estão entre a 5ª e a 8ª série do 1º grau, o percentual é de 70%. Já entre os que tem nível superior completo ou pós-graduação, apenas 51% dos entrevistados disseram desconhecer a existência e o papel dos conselhos. ´Justamente a parcela da população que deveria ter uma maior participação nos caminhos e na gestão da escola pública de forma a favorecer o desempenho dos alunos é justamente aquela que não tem este conhecimento`, afirmou o coordenador de Educação do Ipea, Paulo Corbucci

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